Treinamento de Lideranças: objetivos, estratégias e ideias práticas para aplicação

Assumir um cargo de liderança é um dos maiores saltos de carreira e um dos mais desafiadores.  

Muitas vezes, a mudança de carreira leva profissionais competentes tecnicamente a uma nova realidade para a qual não estão preparados. Gerir pessoas, tomar decisões estratégicas e representar a cultura da empresa pode gerar insegurança, conflitos e até queda nos resultados.

O desafio é global, é comum profissionais serem promovidos sem o treinamento adequado. O resultado incide em alta rotatividade, queda no engajamento e perda de performance.  

É por isso que empresas de alta performance não deixam a formação de líderes ao acaso, elas estruturam programas de desenvolvimento de liderança alinhados à estratégia, às competências críticas e à cultura organizacional.

Se a sua empresa ainda não tem um programa estruturado, este artigo vai ajudar a começar, com objetivos claros, benefícios, estratégias de implementação, formas de avaliação e 7 ideias de temas para aplicar em seus programas de treinamento e desenvolvimento (T&D).

O ciclo de formação de lideranças deve ter como meta preparar profissionais para assumir e evoluir em cargos de gestão, desenvolvendo habilidades comportamentais e técnicas, e, claro, promover alinhamento estratégico.  

Entre os principais objetivos de um programa de lideranças, destacam-se:

Quando estruturado corretamente, o programa se torna uma alavanca para crescimento sustentável e impacto direto nos indicadores-chave da organização.

• Criar conexão com o propósito da empresa;

• Fomentar um ambiente seguro para que as pessoas possam se expressar de forma genuína;

• Garantir um ambiente para a vivência de grandes experiências  

Para Daniela Russo, Partner da Afferolab, a construção de programas de liderança precisa estimular as seis competências essenciais para os líderes do futuro.  

Segundo a executiva, o papel das lideranças e de RH e T&D é adotar um olhar “de fora para dentro”.

Para ela, é fundamental ter uma atenção genuína ao que está acontecendo com o cliente final e, a partir daí, trabalhar internamente, envolvendo todas as áreas e pessoas que fazem a engrenagem da empresa funcionar, para melhorar essa jornada.

De acordo com a pesquisa da ABTD, Panorama do Treinamento no Brasil – 2024/2025, 51% do orçamento de T&D das empresas se destina para lideranças.  

Contudo, há organizações que acreditam que os líderes precisam assumir suas funções imediatamente para evitar impactos nos resultados. Essa visão de curto prazo pode custar caro.

Adiar ou pular a etapa de preparação, incide em riscos como perda de talentos, desalinhamento cultural e decisões equivocadas.  

Em contrapartida, organizações que investem no desenvolvimento de suas lideranças antes e durante o exercício da função colhem benefícios como:

• Líderes preparados para lidar com desafios complexos

• Habilidades essenciais desenvolvidas e acompanhadas

• Unidade e coerência na liderança

Identifique falhas e oportunidades nas lideranças atuais

Por meio de uma pesquisa interna e anônima com os colaboradores, é possível identificar quais são as falhas presentes nas lideranças atuais. Essa informação vai ajudar a área de treinamentos e entender o que é necessário evoluir nos líderes e como desenvolver os novos líderes para mitigar problemas no futuro.

Mapeie competências estratégicas  

Além das falhas identificas em pesquisas, é necessário mapear habilidade que a empresa deseja ou precisa que seus líderes tenham. A partir desse mapeamento, será possível construir o treinamento com as habilidades que precisam ser desenvolvidas.

Combine especialistas internos e externos

Traga formadores que conheçam profundamente o contexto da organização, mas também especialistas de mercado que tragam repertório e tendências.

Crie um cronograma realista

Permita que o líder passe por um ciclo de formação completa antes de assumir integralmente o cargo, sempre respeitando o ritmo da operação.

Ofereça um canal de suporte contínuo

Desenvolvimento não termina com o fim do treinamento. Disponibilize mentoria, fóruns internos e acompanhamento constante do T&D/RH.

Avaliar a efetividade de um programa de treinamento de liderança é uma ferramenta essencial para ampliar e melhorar o desenvolvimento de lideranças.  

Algumas possibilidades de acompanhamento são:

1. Acompanhamento periódico

Realizar conversas estruturadas e regulares com os líderes que passaram pelo treinamento para mapear os avanços, identificar desafios enfrentados e ajustar o desenvolvimento quando necessário.

Estas conversas podem ser construídas a partir de sessões individuais de coaching ou mentorias, conduzidas por profissionais de RH/T&D, gestores experientes ou coaches internos/externos.

O objetivo deve estar relacionado às competências essenciais que um líder deve ter. Logo é preciso focar na construção de um espaço seguro para o líder refletir sobre sua prática, receber feedback direcionado e alinhar expectativas com a empresa.

2. Avaliação de desempenho 360º

Um método abrangente que reúne feedback de diferentes fontes, superiores, pares e liderados, proporciona uma visão completa sobre a efetividade da liderança.

Entre as vantagens do modelo estão a possibilidade de revelar pontos fortes e áreas para desenvolvimento sob múltiplas perspectivas, evitando vieses e tornando a avaliação mais justa e rica.

3. Pesquisas de clima organizacional frequentes

Entender o clima de equipe e o engajamento dos colaboradores que estão sob a liderança dos treinados é um termômetro direto da qualidade da gestão.

Essa ação identifica o impacto da liderança no bem-estar, motivação e produtividade da equipe.

Os dados das pesquisas podem ser usados para detectar sinais precoces de descontentamento, rotatividade ou queda de performance para intervenções rápidas e eficazes.

1. Liderança em tempos de mudança: como conduzir equipes em cenários de transformação e incerteza.

2. Comunicação estratégica: como transmitir mensagens claras e inspiradoras em todos os níveis da organização.

3. Gestão baseada em competências (Skill-based): alinhando talentos e estratégia.

4. Tomada de decisão orientada por dados: usando métricas e indicadores para guiar escolhas.

5. Gestão de conflitos e negociação: transformando divergências em oportunidades de crescimento.

6. Desenvolvimento de equipes de alta performance: estruturando times engajados e produtivos.

7. Inteligência emocional e autogestão: mantendo equilíbrio e foco mesmo sob pressão.

Por fim

No ‘novo’ mundo, liderar faz parte de uma atitude de mudança, onde o desenvolvimento precisa ser skill-based, ou seja, focado no mapeamento e na evolução contínua das competências críticas que fazem a diferença nos resultados do negócio.

Além disso, a transformação digital e a inteligência artificial (IA) trouxeram ferramentas poderosas para potencializar esses processos. Com IA, é possível realizar diagnósticos precisos e personalizados, identificar gaps de competências em tempo real e adaptar o treinamento para as necessidades específicas de cada líder e contexto organizacional.

Essa combinação entre uma abordagem orientada por competências e o uso inteligente da tecnologia torna o treinamento de liderança mais eficaz, escalável e alinhado com a estratégia do negócio.

Assim, ao investir em programas de liderança baseados em skills e apoiados por IA, sua empresa garante o desenvolvimento de líderes preparados para os desafios atuais e constrói uma vantagem competitiva sustentável para o futuro.

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