
No final do século XIX, Londres enfrentava um problema aparentemente insolúvel: a chamada crise do esterco.
Devido aos milhares de cavalos usados para transporte, toneladas de dejetos se acumulavam nas ruas diariamente.
O problema se tornou uma dor de cabeça sanitária e ambiental; as ruas se convertiam em pântanos de esterco e lama, ou em poeira de dejetos, inalada pela população.
Algumas previsões colocavam a capital britânica, em poucas décadas, como uma cidade soterrada pelo cocô de cavalo.
Para a sorte dos ingleses, as projeções foram alteradas. Londres e outras metrópoles mundiais, que enfrentavam o mesmo dilema, foram salvas pela tecnologia, quando em 1912, a adoção em massa do automóvel superou o uso dos cavalos.
O episódio histórico mostra como grandes transformações surgem a partir da inovação e novas perspectivas sobre um problema.
Hoje, estamos embebidos em um momento histórico semelhante, claro, sem o cheiro que deveria haver nas grandes capitais no século 19. Temos a IA como uma solução inesperada.
Essa lógica, é uma das grandes ondas de inovação estudadas pela economista Carlota Perez. Segundo ela, primeiro as tecnologias emergem como resposta improvável a dilemas complexos; depois, transformam setores inteiros ao criarem padrões de valor.
E assim como o automóvel, em um primeiro momento resolveu a crise do esterco e inaugurou uma nova era de mobilidade. A IA (Inteligência Artificial) anuncia uma mudança de paradigma, que obriga líderes a repensar modelos de negócio diante de um cenário em rápida transformação.
A economista Carlota Perez, referência no estudo de revoluções tecnológicas, em sua tese, demonstra que cada grande onda de inovação segue um mesmo padrão:
Período de instalação:
As tecnologias emergem de forma ainda desorganizada, gerando especulação, expectativas exageradas e muitas vezes desconfiança;
Período de implementação
As inovações se consolidam e transformam setores inteiros, criando formas de produção, consumo e organização social.
Se olharmos para trás, esse movimento se repete. Foi assim com a eletricidade, que levou décadas para sair dos experimentos de laboratório até se tornar indispensável para a indústria e para as casas.
O mesmo aconteceu com a internet, que nos anos 1990 parecia um espaço caótico de páginas desconexas e hoje sustenta praticamente toda a economia global.
Os smartphones começaram como aparelhos caros e restritos a poucos e hoje moldam hábitos de consumo, comunicação, trabalho e até problemas sociais.
Com a inteligência artificial, explica Patrícia Chagas, estamos exatamente nesse ponto de inflexão. Ainda vivemos o encantamento, o “hype”, as narrativas que soam quase mágicas, todavia, a IA está ganhando o status de infraestrutura ‘invisível’, tão presente e inevitável quanto o wi-fi ou a energia elétrica.
Essa transição, assim como todas as outras, marca desafios e a oportunidades sociais e econômicas.
Para os líderes compreenderem a IA como ferramenta estratégica vai exigir novas competências, novos modelos de negócio e, sobretudo, uma nova forma de liderar.
O impacto da inteligência artificial sobre os negócios está acontecendo em ritmo acelerado.
Investimentos bilionários têm sido direcionados ao setor, e o ciclo de maturação da tecnologia é muito mais curto do que o observado em revoluções anteriores, como a eletricidade ou a internet.
Em poucos anos, a IA passou do laboratório para o uso massivo em empresas de todos os portes e segmentos.
Esse movimento provoca uma transformação direta nas competências. De um lado, novos hard skills são necessárias. Funções como prompt engineering, automação de processos com agentes inteligentes, análise e modelagem de dados já começam a se consolidar como habilidades críticas.
Um relatório da Astella, empresa de venture capital, levantou que novos hard skills estão surgindo nas empresas nativas de IA e começam a direcionar o caminho para empresas não nativas, que são a maioria e precisam se adaptar rapidamente.
De outro lado, as soft skills ganham ainda mais relevância. Em um cenário em que a IA assume tarefas operacionais, são os atributos humanos que conectam líderes e equipes: pensamento crítico para validar informações, ética digital para lidar com dilemas complexos, adaptabilidade para navegar em ambientes de mudança constante e capacidade de colaboração em times híbridos, formados por humanos e agentes de IA.
As empresas nativas em IA têm vantagem competitiva; já nascem com processos, cultura e estruturas voltadas para explorar o potencial dessa tecnologia.
Porém essa vantagem não é exclusiva, organizações mais tradicionais podem dar grandes saltos se souberem integrar a IA de forma estratégica, como alavanca para novos modelos de negócio e novas formas de gerar valor.
Em resumo, estamos diante de uma mudança profunda: a IA está redefinindo competências necessárias e, ao mesmo tempo, alterando a lógica de como elas são desenvolvidas e aplicadas no trabalho.

Aqui está o ponto-chave: Alessandra Lotufo, MD da Afferolab, é enfática ao destacar que a IA não é sobre automações ‘bobas’, mas sobre reinvenção.
Automatizar processos ou reduzir custos são apenas os primeiros passos, quase superficiais. O verdadeiro potencial da IA está em abrir caminhos para novos modelos de negócio, novas formas de atender clientes e entregar experiências de valor.
Nesse contexto, o papel do líder passa por uma transformação profunda, o gestor tradicional, preocupado em controlar recursos e processos, o articulador de times, perde espaço para um líder que assume a função de orquestrador de pessoas, dados e agentes de IA.
Liderar, para esse novo momento, é sinônimo de integrar capacidades humanas, como criatividade, julgamento ético e visão estratégica, com a eficiência e velocidade dos sistemas inteligentes.
Os desafios que emergem nesse cenário são inéditos e buscam respostas que ainda não temos:
Mas junto aos desafios surgem também oportunidades sem precedentes. Empresas que souberem explorar a IA para criar soluções verdadeiramente novas terão vantagem competitiva clara.
É nesse espaço de incerteza, entre a disrupção tecnológica e a necessidade de reinvenção, que os líderes visionários conseguem se destacar, pavimentando o futuro enquanto os demais ainda tentam ajustar o presente.
O termo “Agent Boss” foi cunhado pela Microsoft este ano (2025). Na prática, a denominação busca explicar a ideia de líderes que estão criando seus próprios agentes de IA para automação de processos, tomada de decisões baseadas em dados e realização de uma série de tarefas estratégicas.
Alessandra Lotufo destaca que 30% dos líderes globais e, provavelmente, também no Brasil, estão criando esses ‘bots’ para acelerar e otimizar o dia a dia de trabalho.
Essa aceleração do uso da IA no país é estimada pelo Latin America Digital Report, que coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking global de utilização do ChatGPT.
De acordo com o estudo, são 53 milhões de brasileiros (49% da população economicamente ativa) utilizando a tecnologia por no mínimo 9h por dia.
Dentro das corporações, essa revolução ocorre de forma silenciosa, em que o termo híbrido não significa mais uma equipe remota, mas sim, uma que tem no seu quadro um ou mais agentes de IA atuantes no time.
Alessandra ressalta, a partir disso, que liderar times híbridos, ser um Agent Boss é o próximo passo da liderança em um mundo onde pessoas e máquinas já estão colaborando lado a lado.
E para esse novo cenário, os líderes precisam desenvolver novas habilidades, que garantam a fluidez entre pessoas e agentes digitais, ter visão para usar a Ia de forma ética e estratégica e construir um ambiente de confiança, mostrando às pessoas que a IA é um amplificador da capacidade humana.
Logo, nesse cenário, onde algumas distopias e utopias cinematográficas se tornaram realidade, o RH e T&D assumem um papel estratégico central.
Contratar, treinar e reter talentos ganha ainda mais foco, pois é necessário preparar toda a organização para operar em um ambiente híbrido, no qual a fluência digital precisa caminhar junto com a ética, a cultura e a experiência do colaborador.
Isso exige uma mudança de mentalidade: a área de pessoas ganha o status de guardiã da transformação organizacional. É ela que garante que a adoção da IA seja inclusiva, responsável e orientada para gerar valor humano e não apenas ganhos de eficiência.
Na prática, isso significa:
Para Alessandra, o RH e o T&D têm um papel fundamental nesse processo. São eles que vão sustentar a cultura, que vão ajudar a construir esse caminho de adoção da IA dentro da empresa. Não é só tecnologia, é gente, é cultura.
Se a crise do esterco mostrou que problemas aparentemente insolúveis podem encontrar saídas em soluções inesperadas, a ascensão da inteligência artificial repete essa lógica em escala exponencial.
O que parecia ficção, há poucos anos, hoje já é parte do dia a dia de empresas e profissionais (e estamos só na implantação)
Como destaca Alessandra Lotufo, estamos diante de uma mudança de paradigma que redefine negócios, competências e a própria essência da liderança.
Surge o Agent Boss, símbolo de um tempo em que humanos e máquinas compartilham responsabilidades, decisões e resultados.
E, a aprtir disso, RH e T&D ganham protagonismo e precisam garantir a adoção da IA de forma ética, inclusiva e culturalmente sustentável.
A verdadeira vantagem competitiva passa ao largo da tecnologia, ou da adoção rápida da IA, ela está atrelada a conseguir combiná-la à criatividade, ao julgamento crítico e à visão estratégica das pessoas.
Por fim, assim como o automóvel transformou as cidades e abriu um novo capítulo para a humanidade, a IA inaugura um ciclo histórico que exige coragem para experimentar, capacidade de aprender continuamente e liderança para orquestrar o futuro.
O desafio está lançado e o convite é claro: reimaginar a liderança, colocando a tecnologia a serviço do humano.

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